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Quando ouvir é libertador: Superando o preconceito em relação ao Aparelho Auditivo
Entenda por que o preconceito em relação ao aparelho auditivo precisa ser superado e como isso pode transformar a saúde e qualidade de vida dos idosos.

Envelhecer é um processo natural, mas nem sempre bem compreendido. Com o tempo, o corpo muda, e com ele, funções sensoriais como a audição podem declinar. Apesar de comum, a perda auditiva na terceira idade ainda é cercada por estigmas, especialmente quando envolve o uso de aparelhos auditivos. Enquanto os óculos de grau são amplamente aceitos como um sinal de sabedoria ou até de estilo, o aparelho auditivo continua associado a fragilidade, velhice ou incapacidade — um estigma que precisa ser desconstruído com urgência.

A perda auditiva e seus impactos silenciosos

A presbiacusia, nome dado à perda auditiva relacionada ao envelhecimento, é uma condição frequente a partir dos 60 anos. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de 466 milhões de pessoas em todo o mundo têm algum grau de perda auditiva, e esse número pode dobrar até 2050. No Brasil, estima-se que cerca de 15 milhões de pessoas sofram com algum tipo de deficiência auditiva, sendo a maioria idosos.

Mas os efeitos da perda auditiva vão muito além da dificuldade de escutar. Estudos publicados em periódicos como o Journal of the American Geriatrics Society e a Lancet Public Health relacionam a perda auditiva não tratada a um risco aumentado de demência, depressão, isolamento social e queda da qualidade de vida. Segundo um estudo de 2020 da Universidade Johns Hopkins, idosos com perda auditiva moderada a severa têm até cinco vezes mais chance de desenvolver demência.



“Quando um idoso deixa de ouvir bem, ele deixa de participar de conversas, evita reuniões familiares, sente-se excluído — e isso tem um impacto direto na sua saúde mental e cognitiva”, explica a otorrinolaringologista Dra. Renata Garrafa.

O paradoxo: óculos são normais, aparelhos auditivos ainda não

É intrigante perceber que, embora a perda de visão seja encarada com naturalidade — e tratada com óculos, lentes ou cirurgia — a perda auditiva é frequentemente negada ou ignorada. “Existe uma conotação social negativa associada ao aparelho auditivo, como se o uso dele fosse um atestado de inutilidade”, comenta o otorrinolaringologista Luiz Herculano. “Isso é cultural, mas profundamente prejudicial”.

Um estudo da Universidade de Manchester, no Reino Unido, publicado no International Journal of Audiology, revelou que mais de 60% das pessoas que precisam de aparelho auditivo demoram de 7 a 10 anos para buscar ajuda profissional. Entre os principais motivos, estão a negação do problema, o medo de parecer velho e o

preconceito em relação ao Aparelho Auditivo

em público.

Tecnologia e design: os aparelhos evoluíram

A boa notícia é que os aparelhos auditivos deixaram de ser grandes e incômodos. Hoje, graças à evolução tecnológica, existem modelos praticamente invisíveis, com conectividade Bluetooth, cancelamento de ruído, compatibilidade com smartphones e até design personalizável.

“Estamos falando de dispositivos que hoje são menores que uma moeda de um real, inteligentes e adaptáveis ao ambiente sonoro”, destaca a otorrino. “Alguns modelos se conectam ao celular e funcionam como fones de ouvido premium, permitindo ouvir música, atender ligações e até ajustar o volume por app”.

A importância da intervenção precoce

A prescrição e o uso precoce de aparelhos auditivos não apenas melhoram a comunicação, como também protegem o cérebro. Isso porque o córtex auditivo, se não estimulado, entra em processo de atrofia. Um estudo de 2021 da Universidade de Columbia demonstrou que idosos que começaram a usar aparelhos auditivos logo após o diagnóstico apresentaram melhora significativa na função cognitiva, memória e atenção em comparação àqueles que não usaram o dispositivo.

“Quanto mais cedo você tratar a perda auditiva, maior a chance de manter sua independência, sua saúde mental e sua vida social ativa”, afirma o otorrinolaringologista Dr. Luiz Herculano.

Barreiras culturais e emocionais

O preconceito em relação ao Aparelho Auditivo também passa por barreiras emocionais. Em muitas famílias, o assunto é evitado, e o próprio idoso se recusa a aceitar a necessidade. Segundo a fonoaudióloga Danielle Santos, a aceitação pode levar tempo, mas o primeiro passo é conversar de forma aberta e empática.

“Precisamos ouvir mais os nossos pais e avós, e ajudá-los a perceber que ouvir bem é um direito, não um luxo ou sinal de fraqueza. O que deve causar vergonha é ignorar um problema que pode ser resolvido com um simples dispositivo”, reforça.

Como identificar a perda auditiva

A perda auditiva, especialmente na forma progressiva como a presbiacusia, pode passar despercebida por anos. Alguns sinais de alerta incluem:

1. Dificuldade para entender palavras em ambientes ruidosos;
2. Solicitar com frequência que as pessoas repitam o que disseram;
3. Aumentar excessivamente o volume da TV ou rádio;
4. Sentir-se exausto após longas conversas;
5. Evitar encontros sociais por dificuldade de acompanhar diálogos.

O diagnóstico é simples e indolor: é feito por meio de exame de audiometria, que pode ser realizado na Clínica de Otorrino São Paulo. Com o resultado em mãos, o especialista define o grau e o tipo de perda auditiva e recomenda, quando necessário, o uso do aparelho.

Superando o preconceito: histórias que inspiram

Para Dona Marlene, de 74 anos, a resistência durou quase uma década. “Eu achava que ia parecer velha e doente. Só que eu já estava deixando de conversar com meus netos, e isso me doía mais do que qualquer vaidade”, conta. Hoje, com um moderno aparelho auricular recarregável, ela voltou a participar das conversas da família — e da vida.

Histórias como a de Marlene são cada vez mais comuns, e mostram como o preconceito pode nos privar do que há de mais valioso: a conexão com as pessoas.

Ouvir é um ato de amor-próprio

Romper com o preconceito em relação ao Aparelho Auditivo é uma urgência de saúde pública e uma ação de cuidado com o envelhecimento. O uso do dispositivo não representa um fracasso do corpo, mas sim um recurso poderoso de reabilitação da comunicação, da autonomia e da autoestima.

À medida que a população brasileira envelhece — segundo o IBGE, em 2030 haverá mais idosos do que crianças no país — será cada vez mais importante normalizar o uso de tecnologias assistivas, inclusive o aparelho auditivo.

“Trocar preconceito por prevenção é um dos maiores gestos de amor que podemos ter com nós mesmos e com quem amamos”, finaliza o Dr. Luiz Herculano.
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