ar-condicionado faz mal
? Para responder essa questão, entrevistamos a Dra. Renata Garrafa, otorrinolaringologista, que explica como o uso inadequado desse equipamento pode afetar as vias respiratórias e o que fazer para utilizá-lo de forma segura.“O ar-condicionado é um aliado para o nosso bem-estar, mas é preciso atenção a alguns fatores para que seu uso não cause problemas à saúde”, afirma a Dra. Renata. Entre os principais aspectos que precisam ser observados estão a umidade do ar e a manutenção dos filtros do aparelho.
1. O ressecamento do ar e suas consequências
Um dos principais efeitos do ar-condicionado é a redução da umidade do ar. Isso acontece porque o equipamento resfria o ambiente ao remover a umidade do ar quente, tornando-o mais seco. “A baixa umidade do ar pode ressecar a pele e as mucosas das vias respiratórias, como nariz e garganta. Esse ressecamento altera a barreira protetora das mucosas, tornando o organismo mais vulnerável a agentes nocivos, como vírus e bactérias”, explica a médica.
O impacto pode ser ainda maior para pessoas que já sofrem com doenças respiratórias, como rinite alérgica, sinusite, bronquite e asma. “O ar seco pode irritar a mucosa nasal e provocar espirros, coceira, coriza e sensação de nariz entupido. Além disso, pode levar a quadros de tosse seca e dor de garganta”, alerta a Dra. Renata.
Para minimizar esses efeitos, algumas estratégias podem ser adotadas:
– Hidratação constante: beber bastante água ao longo do dia ajuda a manter as mucosas hidratadas.
– Uso de umidificadores: aparelhos umidificadores ajudam a equilibrar a umidade do ar em ambientes fechados.
– Alternativas caseiras: colocar uma bacia com água ou uma toalha molhada no quarto pode ajudar a reduzir o ressecamento do ar.
– Higienização nasal: lavagens nasais com soro fisiológico ajudam a manter a mucosa nasal protegida.
2. A importância da manutenção dos filtros do ar-condicionado
Outro fator essencial é a limpeza regular dos filtros do ar-condicionado. “Os filtros têm a função de capturar poeira, poluentes e micro-organismos. Se não forem limpos corretamente, podem se tornar um reservatório de fungos, bactérias e ácaros, que serão dispersos no ambiente e inalados pelas pessoas”, explica a otorrinolaringologista.
Essa contaminação do ar pode desencadear ou agravar doenças respiratórias, especialmente em pessoas alérgicas ou com problemas pulmonares crônicos. “Crises de rinite, sinusite, bronquite e asma podem ser intensificadas pelo acúmulo de alérgenos no ar”, alerta a especialista.
Recomendações para manter a qualidade do ar:
– Limpeza dos filtros: os filtros devem ser limpos pelo menos uma vez por mês, conforme as recomendações do fabricante.
– Manutenção profissional: além da limpeza regular, é indicado realizar uma manutenção completa do aparelho a cada seis meses para evitar o acúmulo de sujeira interna.
– Ventilação do ambiente: sempre que possível, é importante abrir portas e janelas para permitir a circulação do ar e renovar o ambiente.
Dormir com o ar-condicionado ligado faz mal?
Essa é uma dúvida comum, principalmente entre pais preocupados com o conforto dos filhos. “A resposta é: depende de como o aparelho está sendo utilizado. Se o ambiente estiver muito seco e o ar-condicionado estiver com temperatura muito baixa, há um maior risco de ressecamento das vias respiratórias e irritação nasal”, destaca a médica.
Para tornar o ambiente mais confortável durante a noite, algumas medidas podem ser adotadas:
– Evitar temperaturas muito baixas: o ideal é manter o aparelho entre 22°C e 24°C.
– Usar a função ‘modo noturno’ ou ‘sleep’: esses modos reduzem a intensidade do resfriamento ao longo da noite.
– Evitar que o ar frio seja direcionado para o rosto: isso pode causar ressecamento excessivo das mucosas e desencadear crises respiratórias.
– Hidratantes nasais: o uso de gel nasal ou lavagem com soro fisiológico antes de dormir ajuda a prevenir o ressecamento.
Ar-condicionado no trabalho: como sobreviver ao frio excessivo?
Muitas pessoas relatam desconforto em escritórios e locais de trabalho onde a temperatura do ar-condicionado é mantida muito baixa. “Recebo queixas frequentes de pacientes que trabalham em ambientes com temperaturas congelantes, muitas vezes abaixo de 18°C. Esse frio excessivo pode causar desconforto respiratório, tensão muscular e até mesmo aumento do risco de resfriados”, comenta a otorrinolaringologista.
Para lidar com essa situação, algumas estratégias podem ser úteis:
– Levar um agasalho extra: mesmo no calor, ter um casaco ou manta pode ajudar a evitar desconforto térmico.
– Evitar a exposição direta ao fluxo de ar frio: sempre que possível, posicione-se em um local onde o ar-condicionado não esteja soprando diretamente sobre você.
– Negociar com a equipe: conversar com colegas e gestores sobre uma temperatura equilibrada pode ser a solução para tornar o ambiente mais confortável para todos.

O ar-condicionado não é, por si só, um vilão da saúde, mas seu uso inadequado pode trazer consequências negativas, especialmente para as vias respiratórias. “O segredo está no equilíbrio. Se usado corretamente, pode proporcionar conforto térmico sem comprometer a saúde”, ressalta a Dra. Renata.
Para garantir um uso seguro e saudável do ar-condicionado, siga estas recomendações:
✅ Mantenha o aparelho entre 22°C e 24°C.
✅ Realize a limpeza regular dos filtros.
✅ Use umidificadores ou soluções caseiras para manter a umidade do ar.
✅ Evite a exposição direta ao ar frio.
✅ Hidrate-se bem ao longo do dia.
Ar condicionado faz mal? Seguindo essas orientações, é possível aproveitar os benefícios do ar-condicionado sem prejudicar a saúde respiratória. Se houver sintomas persistentes, como tosse seca, irritação na garganta ou crises alérgicas frequentes, é fundamental procurar um otorrino para avaliar a situação e indicar o melhor tratamento.